Quando o mar me invadiu, não foi por surpresa que meus cabelos se agitaram. Com força e gentileza com imposição e ternura cresceu em ondas e eu, que de água também sou feita, me abri para que todo este mar estivesse em mim.

É espuma mansa e espelho tranquilo e também vaga em tempestade. Mar de dentro que meu peito habita, inventa sua história enredada à minha, cria sua rota com velas ao vento, ao mundo lançada de meu corpo balança, dança, escoa e se aprofunda, sempre a minha e de outros será. Mar inteiro, mar sorriso de rima, deusa poesia, mar de vida. (Débora Campos)

MAMIWATA é um espetáculo de dança contemporânea que aborda o movimento das identidades da cultura afro brasileira. Mamiwata afirma-se uma instigante proposta estética, situando um corpo dramático porque deslocado do real, um corpo imbricado de tensões porque potencializado nas cenas.

Mamiwata é uma divindade Ewe, cujo culto é comum na costa atlântica do Togo e Benin e simboliza o poder supremo, com muitos seguidores para o culto da real Dan python. Interpretada nas culturas Mina, Adja, Ewe, Fon, iorubá e Ibo. Esta deusa cruzou o Atlântico com os escravos africanos é ainda presente no Candomblé no Brasil, na Santeria em Cuba ou no Haiti, onde à chamam Yemoya.